sábado, 3 de agosto de 2013

OS DEDOS 

O homem pensa com as mãos.
E as mãos, através dos dedos.
Pensam e agem...
Pelos dedos.
Por seus toques.
Toques que fazem vibrar, tocar todas as sinfonias.
Dedos que dedilham notas.. que contam notas...
Impressiona o poder de mudança proporcionada por um toque.
Um simples tocar de dedo...
Nos mais diversos aspectos e sentidos.

Tocar pode significar dar vida.
Assim sugere o mestre renascentista Michelangelo.
Na célebre pintura no teto da Capela Cistina, no Vaticano, “A Criação de Adão”, Deus insufla vida ao primeiro homem tocando seu dedo indicador.

Isso é relevante.
Mas não a ponto de ser o indicador o “senhor” dos dedos.
Ainda que com ele pintemos e bordemos.
Quase que literalmente falando.
Li em algum lugar que o dedo indicador faz jus ao nome.
Em determinadas circunstâncias, ele causa brigas em campos de futebol e até no Congresso Nacional.
É comum suas excelências berrarem em plenário: “Não aponte esse dedo sujo para mim.”
O dedo indicador tem ainda outras atribuições.
Ele serve para apontar a rua:
- Quando alguém pede a informação de um endereço.
- E quando o empregado é demitido pelo patrão.

Eu quase fui tentando a dizer que o dedo indicador serve também para higienizar o nariz.
Mas pensei que não seria de suas funções a mais agradável.
Prefiro falar da sua importância para dar conselhos e reger uma música...
Pedir silêncio seja, talvez, um dos gestos mais bonitos do dedo indicador.

Com ele também pedimos o elevador.
E, na maioria das vezes, é dele que fazemos uso nas telas sensíveis ao toque...
Alguns aparelhos usam um tipo de tela sensível ao toque do dedo.
Semelhante à pele, os sensores são capazes de identificar o ponto específico onde o toque ocorreu.

Ante o exposto, acho que devo ser solidário aos demais dedos.
Não os estou chamando de inúteis.
O dedo mínimo tem mera função de embelezamento e equilíbrio...
Mas isso é o máximo se imaginarmos a mão sem ele.
Sem qualquer um dos dedos, aliás.
Sobretudo sem o dedo anelar.
É nele que termina um vaso sanguíneo cujo começo é o coração.
Daí o uso das alianças nesse que, visto por esse ângulo, ganha contornos poéticos.
E o dedo polegar?
Ficou propositalmente por último.
Use a cabeça.
Pense com as mãos.
Ou melhor, com os dedos.
No caso o dedo. Polegar.
E diga o que achou de um texto assim...
Sem nexo, incompleto. Feito por completo ao toque...
Dos dedos.

(Orlando de Souza)