domingo, 28 de agosto de 2011

MARIA É A MÃE DE TODA CARIDADE

Maria, berço de caridade


Aprender com Maria a ser discípulos Missionários da Caridade.
Com este tema, transcorre, neste derradeiro domingo de agosto, o 15º Círio de Nossa Senhora Auxiliadora.
Não devemos nos ater ao círio como uma data de regozijo somente.

No círio nos sentimos mais irmãos.
A fé uníssona em Maria deixa em nós a certeza de que temos a mesma Mãe.
Nossa Senhora é a discípula por excelência de Deus.
Sua primeira missionária.
E modelo maior de caridade.

Todavia, ainda que cantemos e rezemos atrás da Berlinda, no Círio.
Mesmo que façamos e paguemos promessas.
Se o nosso coração não for tocado pelo sentimento da caridade, o círio pouco valerá a pena.

Não basta somente rezar.
Bendizer a Deus e à Maria.
Pouco importa que falemos com eloqüência as mais belas e sábias palavras.
Se nos faltar a caridade, nada fará sentido.

São Paulo diz: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine".

Quantos sinos a tinir somos nós, a soar como metal ao dizer que outros sejam o que não queremos ser?
Soamos frases bonitas, mas ensinamos o que não vivemos em nossa prática de vida.
Somos por dentro como o sino rústico de metal somente.
Porque somos órfãos da caridade.
Porque o mundo contribui para a perda da fé onde a caridade cede lugar ao egoísmo.

O apóstolo vai mais longe ao ensinar: “ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria."

A caridade é a maior virtude do cristão.
Se o amor fosse uma árvore, a caridade seria sua raiz.
Se fosse comparado a uma casa, a caridade seria seu alicerce.

No fundo, tudo pode se resumir em dom do Espírito Santo.
O amor é caridade e caridade é puro amor.

Maria entra nesta história como a precursora da caridade evangélica e exemplo a ser imitado.
Nossa Senhora, mais do que a Mãe do Filho de Deus, ela é o sacrário de caridade.

Seu coração é o Tabernáculo do Altíssimo, nele ela guardou tudo o que aprendeu, viveu e ensinou com e ao seu Jesus.

Que o seu Círio nos proporcione os meios para que descubramos o amor no outro e do outro.
E que, amando, pratiquemos o mandamento da caridade.

Como Paulo ensinou.
Como nos manda Jesus.
E como fez Maria.

Feliz e Santo Círio!





sexta-feira, 26 de agosto de 2011

DOM



Não cogito o dom da genialidade
O dom de poder ter poder

É conjectura impensável
Ato abominável
Castíssima irracionalidade

Prefiro o dom da ternura
No olhar que spray afetos

O dom do riso que se expande
Do abraço apaixonante

O adocicado doce da doçura
Abstenho-me do direito de poder

Se pudesse optaria por ter o dom
O dom de cativar sem seduzir

Da conquista pelo amor, sem mentir
O bom do dom é ser bom – é sabê-lo ser...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

OURO AZUL

Absolutamente indispensável

Do Vermelho: A guerra da água

Dois recursos são indispensáveis aos seres humanos, não importa como ou onde vivam: água e alimento – sendo que a água é também insubstituível na produção alimentícia. Quando a demanda do "ouro azul" supera a oferta, é quase certo que o resultado seja um conflito.

Por Matthias Von Hein

Em tempos de mudança climática global, um exame do crescimento demográfico e do aumento no consumo de água gera inquietação quanto ao futuro. Sobretudo porque muitos fluxos hídricos atravessam fronteiras nacionais.

O relatório da Unesco para 2003 apresenta números exatos: em todo o mundo, 263 fluxos de água atravessam os territórios de 145 Estados. Eles correspondem a 60% do volume total de água doce disponível no planeta e abastecem 40% da população mundial.

Dezenove rios atravessam mais de cinco nações fronteiriças, e projetos de represas são a principal causa de conflitos entre os países que se encontram no curso superior ou inferior dos rios. Com seu projeto Atatürk, de represar o Rio Eufrates, por exemplo, a Turquia pode literalmente fechar as torneiras da Síria e do Iraque.

Desequilíbrio na África

Num estudo realizado em fevereiro de 2011, o Instituto Alemão de Assuntos Internacionais e de Segurança (SWP), sediado em Berlim, classifica como de alto risco a situação nos rios Amurdaya e Syrdaya, da Ásia Central, e no Nilo. Um dos autores dessa análise é Tobias von Lossow. Em entrevista à Deutsche Welle, o politólogo apontou para as décadas de conflitos entre o Egito e o Sudão, de um lado, e a Etiópia, do outro:

"Também por razões econômicas, até o momento a Etiópia não podia desenvolver plenamente seu potencial de utilização da água, seja na irrigação agrária, seja na produção de energia. Isso, porém, mudou basicamente com as novas possibilidades de financiamento e o apoio da China nos últimos anos."

O Nilo, rio mais extenso da África, percorre quase 7 mil quilômetros do centro e leste do continente até o Mar Mediterrâneo e atravessa dez países – marcados por uma inegável assimetria na utilização de suas águas.

Divisão desigual

Os Estados localizados no curso superior do rio possuem o maior volume da água disponível, mas é no curso inferior que ela é mais consumida, sobretudo pelo país que menos dispõe do "ouro azul", o Egito. Tal situação está fixada num acordo de 1929, negociado ainda pela Inglaterra, potência colonial na época. Traduzido em termos atuais: o Egito pode usar 66% da água do Rio Nilo, e o Sudão, 18%.


Antes, quando as nações no curso superior do Nilo pouco utilizavam sua riqueza hidrográfica, o potencial de conflito era reduzido. Hoje em dia, contudo, a Etiópia, em especial, mas também Ruanda, Quênia e Uganda querem utilizar o precioso recurso para o próprio desenvolvimento, e pleiteiam novas regras.

O anúncio do governo etíope de que passaria a usar mais a água do Nilo na própria agricultura e na produção de energia já provocou ameaças indiretas de guerra por parte dos egípcios. Consta, por exemplo, que o ex-presidente Anwar Sadat teria declarado: "O único motivo que poderia levar o Egito mais uma vez à guerra seria a água". Até agora, instâncias multilaterais, como a Iniciativa da Bacia do Nilo, tiveram pouco sucesso em harmonizar os diferentes interesses dos países rio acima e rio abaixo.

China x Índia

Na Ásia, por outro lado, o choque é entre duas nações emergentes: China e índia. A China tem uma sede tremenda e abriga as nascentes de alguns dos maiores e mais importantes rios da região, como o Mekong e o Brahmaputra. Pequim planeja gigantescos projetos hídricos, a fim de levar a água do norte até o seco sul. Nesse contexto, a Índia suspeita que a China também esteja desviando água do Himalaia.

Jagarnath Panda é perito em assuntos chineses do Institute of Defense Studies and Analyses, em Nova Deli. Como revelou à Deutsche Welle, ele acredita que a água possa se tornar um problema central entre a Índia e a China. "Os chineses negam em alto e bom som a tese de que planejem desviar água. Mas nós sabemos que eles se ocupam de projetos com esse fim."

Segundo Panda, nos últimos anos, acima de tudo uma coisa mudou: "Em ambos os países, a opinião pública começou a falar do tema 'água'. As pessoas já compreenderam: nem a questão fronteiriça, nem o papel da China ou da Índia em âmbito regional ou global, mas sim a água será o maior problema entre os dois países nos próximos anos".

Rio Mekong nasce na China e passa por Mianmar, Laos, Tailândia e Camboja até chegar ao Vietnam.

Guerra quase inútil

De fato, a água é um dos elementos de diversos conflitos. Entretanto, Von Lossow considera distante a possibilidade de haver uma guerra pelos direitos da água, até porque isso seria bastante difícil, do ponto de vista da estratégia militar, a começar por considerações absolutamente práticas:

"Quem bombardeia uma represa fica de frente para a inundação rio abaixo", observa o perito do SWP. Além disso, a água é pesada e tem um valor econômico relativamente baixo, de modo que não se pode transportá-la como diamantes ou petróleo bruto.

Devido a limitações topográficas naturais, para se controlar uma fonte de água seria necessário ocupar todo o território de uma bacia hidrográfica, o que, a longo prazo, assegura o politólogo Tobias von Lossow, seria simplesmente caro demais.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

VERGONHA



Frei Betto: A Somália, a crise e o grito mudo

A foto do jornal me causou horror. A criança somali lembrava um ET desnutrido. O corpo, ossinhos estufados sob a pele escura. A cabeça, enorme, desproporcional ao tronco minguado, se assemelhava ao globo terrestre. A boca –ah, a boca!–escancarada de fome emitia um grito mudo, amargura de quem não mereceu a vida como dom. Mereceu-a como dor.

Por Frei Betto, em Adital

Ao lado da foto, manchetes sobre a crise financeira do cassino global. Em dez dias, as bolsas de valores perderam US$ 4 trilhões. Estarrecedor! E nem um centavo para aplacar a fome da criança somali? Nem uma mísera gota de alívio para tamanho sofrimento?

Tive vergonha. Vergonha da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que reza que todos nascemos iguais, sem propor que vivamos com menos desigualdades. Vergonha de não haver uma Declaração Universal dos Deveres Humanos. Vergonha das solenes palavras de nossas Constituições e discursos políticos e humanitários. Vergonha de tantas mentiras que permeiam nossas democracias governadas pela ditadura do dinheiro.

US$ 4 trilhões derretidos na roleta da especulação! O PIB atual do Brasil ultrapassa US$ 2,1 trilhões. Dois Brasil sugados pelos desacertos dos devotos do lucro e indiferentes à criança somali.

Neste mundo injusto, uma elite privilegiada dispõe de tanto dinheiro que se dá ao luxo de aplicar o supérfluo na gangorra financeira à espera de que o movimento seja sempre ascendente. Sonha em ver sua fortuna multiplicada numa proporção que nem Jesus foi capaz de fazê-lo com os pães e os peixes. Basta dizer que o PIB mundial é, hoje, de US$ 62 trilhões. E no cassino global se negociam papéis que somam US$ 600 trilhões!

Ora, a realidade fala mais alto que os sonhos e a necessidade que o supérfluo. Toda a fortuna investida na especulação explica a dor da criança somali. Arrancaram-lhe o pão da boca na esperança de que a alquimia da ciranda financeira o transformasse em ouro.

À criança faltou o mais básicos de todos os direitos: o pão nosso de cada dia. Aos donos do dinheiro, que viram suas ações despencarem na bolsa, nenhum prejuízo. Apenas certo desapontamento. Nenhum deles se vê obrigado a abrir mão de seus luxos.

Sabemos todos que a conta da recessão, de novo, será paga pelos pobres. São eles os condenados a sofrerem com a falta de postos de trabalho, de crédito, de serviços públicos de qualidade. Eles padecerão o desemprego, os cortes nos investimentos do governo, as medidas cirúrgicas propostas pelo FMI, o recuo das ajudas humanitárias.

A miséria nutre a inércia dos miseráveis. Antevejo, porém, o inconformismo da classe média que, nos EUA e na União Europeia, acalentava o sonho de enriquecer. A periferia de Londres entra em ebulição, as praças da Espanha e da Itália são ocupadas por protestos. Tantas poupanças a se volatilizarem como fumaça nas chaminés do cassino global!

Temo que a onda de protestos dê sinal verde ao neofascismo. Em nome da recuperação do sistema financeiro (dirão: "retomada do crescimento”), nossas democracias apelarão às forças políticas que prometem mais ouro aos ricos e sonhos, meros sonhos, aos pobres.

Nos EUA, a derrota de Obama na eleição de 2012 revigorará o preconceito aos negros e o fundamentalismo do "tea party” incrementará o belicismo, a guerra como fator de recuperação econômica. A direita racista e xenófoba assumirá os governos da União Europeia, disposta a conter a insatisfação e os protestos.

Enquanto isso, a criança somali terá sua dor sanada pela morte precoce. E a Somália se multiplicará pelas periferias das grandes metrópoles e dos países periféricos afetados em suas frágeis economias.

Ora, deixemos o pessimismo para dias melhores! É hora de reacender e organizar a esperança, construir outros mundos possíveis, substituir a globocolonização pela globalização da solidariedade. Sobretudo, transformar a indignação em ação efetiva por um mundo ecologicamente sustentável, politicamente democrático e economicamente justo.

Extraído do Vermelho

sábado, 20 de agosto de 2011

O FUSCÃO AZUL

Na foto, o Remo, na visão de seu diretor

O brasileiro é movido a paixões.
O brasileiro é apaixonado por futebol.
Até quando a Seleção perde quatro pênaltis seguidos e a gente fica “p” da vida, com cara de tacho e chupando o dedo.
Se roendo de raiva e vergonha.

Porém, não dá para negar: o brasileiro é um apaixonado, um sujeito tarado mesmo é por carro.
Nem que esse carro seja um simples fusquinha.
E por que não?!
O fusca já foi um grande carro.
O mais vendido, o mais admirado e amado do Brasil.
Agora nem fabricado é mais.

De objeto dos desejos de muita gente virou objeto de gozação.
Na estrada todo mundo ultrapassa o pobre e ultrapassado fusca.

Até o Rubinho (Barrichello) ganha do fusca numa corrida.

Particularmente, devo confessar que, como brasileiro que se preza, sou apaixonado por carros.
E adoro um bom fusquinha.
O problema é encontrar um fusca bom.

Pois bem.

Esta crônica nasceu de uma matéria jornalística cujo título era: “A história do fusca azulino”.
Trata da desastrada comparação entre o Remo e um fusquinha.
Feita pelo novo Diretor de Futebol remista, Hamilton Gualberto.
Ele disse com todas as letras que o Remo está igual a um fusca, mas com as quatro rodas funcionando muito bem.

Quem pode não está funcionando bem é a cabeça dele – do diretor.

Mesmo que o Remo fosse um fusca zero quilômetro, ainda não ganharia uma corrida.
Porque é impossível um Mitsubishi, um Corolla ou um Honda perderem para um pobre fusquinha.

Só num aspecto a comparação faz sentido: o fusca é um carro sem estabilidade.
O Remo é um time instável.
O fusca ficou no passado.
O passado do Remo não passa.
O fusca, como o Remo e o Remo como o fusca já teve seus momentos de glória.
O fusca se aposentou.
E ninguém se aposenta no Remo.
Os dirigentes não mudam. Revezam-se apenas.

Resumindo: a diretoria é nova, mas os diretores são os mesmos velhos de sempre que sempre cometem os mesmos velhos erros.

Somente uma coisa se renova no Remo: os fracassos.

Apaixonado pelo Remo me deprime ver o meu time como um velho fusca de rodas abertas rodando pelas estradas do interior, andando devagar, quase parando.

Nunca me imaginei comprando um fusca.
Agora sou obrigado a gostar de um onde apenas as rodas funcionam...

Coisas da paixão.

Sou apaixonado pelo meu Fuscão – digo, pelo meu Leão Azul!














quinta-feira, 18 de agosto de 2011

GRANDES VÉSPERAS

Ela tá com tudo

A mídia vem, há muito, pautando a agenda do Congresso e do Planlato.
E tem sido exitosa no seu intento de desgastar com seu denuncismo, o Governo do qual é velada opositora.
Uma tsunami se anuncia.
Ondas de descréito moral e político ameaçam horrizar os homens de Brasília.
Entretanto, algo parece dizer que enquanto sobe o nível da maré que lavará a honra dos escassos cidadãos de bem, a Preidenta Dilma surfa ao favor do vento da ética...
E recebe apoio da sociedade.
Por essa a mídia não esperava.
Algo de incrivelmente espetacular está acontecendo por aqui.
Entenda mais com o excelente artigo de Mauro Santayana.

O Congresso em movimento

Mauro Santayana

Apesar do ceticismo, natural nesse trecho histórico, minguado de decisões, há, no Congresso Nacional o frisson das grandes vésperas. Começa a crescer a consciência de que a paciência dos cidadãos atinge seu limite. E os parlamentares honrados procuram organizar uma frente no Congresso para assegurar o apoio necessário à Presidente Dilma Roussef a fim de que ela possa prosseguir no combate aos desvios do dinheiro público.

Não é só a imprensa, nem a poderosa malha da internet, que transmite ao Parlamento o mal-estar da população. Em visitas aos redutos eleitorais, percebem a maré montante, que pode transformar-se em tsunamis. Mesmo que não se ouçam os resmungos de protesto, os olhares não deixam dúvida: o clima não é de primavera.

Quanto aos demais, os que, sim, dispõem de biografia honrada, esses se horrorizam ao descobrir o desprestígio dos políticos em geral e dos parlamentares em particular. A ojeriza comum aos políticos se tornou, nos últimos tempos, muito mais grave. Antes, os corruptos se contavam nos dedos, e eram conhecidos. Hoje, os que se contam nos dedos são os homens públicos respeitáveis. O Parlamento, que não reflete exatamente a nação, como se costuma dizer – mas um sistema eleitoral de chocha legitimidade – é, assim, o espaço em que podemos cumprimentar um parlamentar respeitável e, dois metros adiante, esbarrar em alguém de caráter duvidoso. Nestas horas, poucos são os que assumem – e se lhes registre a coragem – o discurso sinuoso, que tenta tornar legal o que é espúrio, e reduzir denúncias sérias a manifestações menores de calúnia e intriga.

O que se sente é o temor que se adensa. Diante do que ocorre hoje em outros países, com o explodir do inconformismo em atos de violência, alguns tentam esconjurar o medo, com o lugar comum de que “brasileiro não é assim”, “o povo já está acostumado”, “isso é fogo de palha”. E há, realmente, os alienados, de escamas nos olhos, cera nos ouvidos e neurônios raquíticos, sobretudo os que não conhecem a história. Não sabem que o Brasil foi construído com rebeliões populares sucessivas, e se todas foram vencidas ou engambeladas pela esperteza das oligarquias, o país sempre foi melhor depois, ainda que tenha pago o tributo de sangue, no fuzilamento de bravos patriotas, como ocorreu na repressão brutal aos revolucionários de 1824, no Nordeste.

A corrupção só medra e se espalha, como as carrapicheiras, porque as instituições foram construídas e reformadas a fim de lhe dar abrigo. Se, no passado, as empreitadas para obras de infraestrutura permitiam e estimulavam a corrupção, hoje a grande oportunidade está na terceirização de serviços, sobretudo mediante as chamadas organizações não governamentais. O ideal dos formuladores do Consenso de Washington, a serviço do grande capital financeiro, é o de reduzir o Estado a mero coletor de impostos e distribuidor de recursos aos prestadores de serviços, grandes corporações ou organizações fantasmas, como as criadas por alguns políticos, a fim de complementar sua remuneração.

Com a consciência de que é necessário extirpar a corrupção pelas raízes, cresce o apoio à Presidente Dilma Roussef, a fim de que ela prossiga no saneamento do governo. Personalidades respeitáveis do país fazem chegar ao Planalto as mensagens de apoio à Chefe de Estado. Os dirigentes da CNBB – o Cardeal Raymundo Damasceno, D. José Belisário e D. Leonardo Ulrich – estiveram em seu gabinete e, em nota oficial, deixaram claro que:

“Os princípios éticos da verdade e da justiça exigem exemplar apuração dos fatos, com a conseqüente punição dos culpados, porque não se pode transigir diante da malversação do emprego do dinheiro público. Sacrificar os bens devidos a todos é um crime que clama aos céus por lesar, sobretudo, os pobres”.

A ordem mundial de domínio se descuidou, com o surgimento da rede mundial de computadores, e a possibilidade da conversação, sem limites, dos cidadãos. Em 1932, quando o rádio começava a se tornar universal, Brecht elaborou a sua “Radiotheorie”. Ele se referia à comunicação radiofônica, mas antecipava o que seria a internet, para a imposição de uma nova ordem libertária no mundo. De qualquer forma, rádio e internet são duas expressões de um mesmo meio, o da comunicação eletrônica. Disse o grande pensador:

“A radiodifusão há de ser transformada de sistema de distribuição em um sistema de comunicação. A radiodifusão poderia ser o mais gigantesco meio de comunicação imaginável na vida pública, um imenso sistema de canalização. Isto é, seria, se não só fosse capaz de emitir, mas também de receber, se conseguisse que o ouvinte não só ouvisse, como também falasse, que não ficasse isolado, mas relacionado”.

E o autor de “Mãe Coragem” termina seu raciocínio com a esperança de nossos dias, ao dizer que isso era irrealizável então – há 80 anos – mas que ocorreria em decorrência do natural desenvolvimento técnico, e se tornaria o instrumento para a propagação e formação de uma outra ordem social para o mundo. E é o que está ocorrendo.

O sentimento é o de que estamos em grandes vésperas, aqui e no mundo.

(Extraído do Conversa Afiada)