sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O NEGRO NA IGREJA BRANCA – A MISCIGENAÇÃO DA FÉ


Uma luz vinda da África


Em 2007 o Papa Bento XVI nomeava Dom João Alves dos Santos, bispo de uma importante cidade do Paraná.

Tal fato não chamaria demasiadamente à atenção não fosse um detalhe dos mais relevantes: Dom João é um negro.

Como nos Poderes Legislativos, Executivo e Judiciário, a presença dos afro-descendentes na Igreja é tão escassa quanto nas Forças Armadas do País.

E do mundo.

A face discriminatória da Igreja é milenar e revela algo que assusta e constrange.

Em dois mil anos de cristianismo o Vaticano não levou aos altares nem uma dezena de santos negros.

São, na verdade, apenas oito.

E nada mais do que dois papas negros ocuparam o lugar de Pedro em Roma.

No Brasil, para um contingente de 190 milhões de pessoas temos 434 bispos dos quais somente 11 são negros.

Isso corresponde a 2,5% dos prelados brasileiros.

Números da CNBB demonstram que existem hoje 18.882 padres no Brasil.

Destes, 15.803 são nativos e 2.800 estrangeiros.

Pouco mais de 1.000 desse total de sacerdotes são negros.

Para cada padre negro nascido no Brasil há oito estrangeiros da mesma cor.

E imaginar que 45% da população brasileira é negra, segundo o IBGE.

Quando foi nomeado aquele bispo do Paraná disse que estava otimista.

Para ele a chegada ao episcopado pelos afro-descendentes poderia virar uma tendência.

Se virou ou não, o certo é que Bento XVI parece querer rever a postura discriminatória da Igreja contra os negros.

Ele acaba de nomear o Mons. Teodoro Mendes Tavares, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém.

Dom Teodoro, como Dom João é um negro.

Um cabo-verdiano.

Um africano.

Um presente para a Igreja de Belém e para os paraenses.

O bispo auxiliar, por definição, é aquele que assiste o arcebispo no seu pastoreio.

Dom Tavares será ordenado em 8 de maio e sua posse ocorrerá no dia de Corpus Christi, 23 de junho.

Dom Tavares é um missionário e há quinze anos desenvolve suas atividades na Amazônia.

Dom Tavares é um jovem sacerdote. Tem apenas 43 anos de idade.

Sua chegada à Belém traz uma onda de luz sobre o passado da Igreja.

Uma Igreja que passou 66 anos para se pronunciar contra a abolição da escravatura neste país.

Uma luta iniciada pelos abolicionistas desde a Independência do Brasil, em 1822.

Bem-vindo, Dom Tavares!

Usando as palavras do Arcebispo de Porto Alegre, que por sinal é o primeiro e único bispo negro gaúcho ao se referir ao Arcebispo Emérito da Paraíba, “sua nomeação é o reconhecimento oficial da Igreja pelo seu valiosíssimo e imprescindível trabalho na organização do clero afro-brasileiro a denunciar a discriminação e a alertar os bispos sobre a necessidade de a Igreja dar mais atenção aos negros”.



























terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A VELHA E A NOVA MÍDIA: NÃO TEM COMPARAÇÃO


Não é o programa do PT, é o Casal 20... da Globo


A primeira de uma série de reportagens sobre o crescimento do emprego no Brasil e seus números espetaculares mostrada pelo JN parecia excertos do Programa do PT e da então candidata Dilma Rousseff, no ano passado.
O estaleiro Atlântico Sul, a construção dos navios e a soldadora dekassegui.
Por pouco não vi o Lula e a Dilma de capacetes no alto do magestoso e imponente "João Cândido".
Mas isso já seria querer demais.
A Globo fala de crescimento do emprego, da construção civil e o financiamento de imóveis em 2010 como se tudo fosse obra e consequencia do ocaso.
Mas não é.
O Brasil que gerou emprego e renda como nunca antes, que tirou milhões da miséria e fez ascender outros tantos às classe "B'" e "C" nos últimos oito anos é o Brasil de Lula.
O Brasil que Lula passou à Dilma.
E que Dilma o fará continuar no rumo certo.

Por Emir Sader, na Carta Maior

Lula, Dilma e a velha mídia

O esporte preferido da mídia é fazer comparações da Dilma com o Lula. Sem coragem para reconhecer que se chocaram contra o país – que deu a Lula 87% de apoio e apenas 4%b de rejeição no final de um mandato que teve toda a velha mídia contra – essa mídia busca se recolocar, encontrar razões para não ser tão uniformemente opositora a tudo o que governo faz. O melhor atalho que encontraram é o de dizer que as coisas ruins, que criticavam, vinham do estilo do Lula, que Dilma deixaria de lado.

Juntam temas de política exterior, tratamento da imprensa, rigor nas finanças públicas, menos discurso e mais capacidade executiva, etc., etc. Como se fosse um outro governo, de outro bloco de forças, com linhas politica e econômica distinta. Quase como se a oposição tivesse ganho. Ao invés de reconhecer seus erros brutais, tratam de alegar que é a realidade que é outra.

Como se o modelo econômico e social – âmago do governo – fosse distinto. Como se a composição do governo fosse substancialmente outra, como partidos novos tivessem ingressado e outros saído do governo. Apelam para o refrão de que “o estllo é o homem” (ou a mulher), como se a crítica fundamental que faziam ao Lula fosse de estilo.

No essencial, a participação do Estado na economia está consolidada e, se diferença houver, é para estendê-la. Os ministérios econômicos e sociais são mais coerentes entre si, tendo sido trocados ministros de pastas importantes – como comunicação, saúde e desenvolvimento – para reafirmar a hegemonia do modelo de continuidade com o governo Lula.

A política externa de priorização das alianças regionais e dos processos de integração foi reiterada na primeira viagem da Dilma ao exterior, à Argentina, assim como no acento no fortalecimento dos processos latino-americanos, como a ênfase na aproximação com o novo governo colombiano e a contribuição ao novo processo de libertação de reféns comprova.

O acerto das contas publicas se faz na lógica do compromisso do governo da Dilma de estabelecimento de taxas de juros de 2% ao final do mandato, alinhadas com as taxas internacionais, golpeando frontalmente o eixo do principal problema econômica que temos: as taxas de juros reais mais altas do mundo, que atraem o capital especulativo. A negociação do salário mínimo se faz com o apoio do Lula. A intangibilidade dos investimentos do PAC já tinha sido reafirmada pelo Lula no final do ano passado.

Muda o estilo, ênfases, certamente. Mas nunca o Brasil teve um governo de tanta continuidade como este, desde que se realizam eleições minimamente democráticas. A velha mídia busca pretextos para falar mal de Lula, no elogio a Dilma, tentando além disso jogar um contra o outro. A mesma imprensa que não se cansou de dizer que ela era um poste, que não existiria sozinha na campanha sem o Lula, etc., etc., agora avança na direção oposta, buscando diferenças e antagonismos onde não existem.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A FARRA DOS CARTÕES DOS TUCANOS DE SP

A bidada do tucano explica o tamanho do rombo


Governo paulista gasta R$ 609 mi com cartões em 10 anos

Ainda que tente difarçar, a Folha não consegue esconder a verdade dos fatos.
A hipocrisia e a falsa moral do PSDB caiu por terra no que se refere aos seus gastos com cartão.
Em uma década as despesas com cartão da tucanada de São Paulo supeou em quase três vezes a do governo federal em igual período.
O que Arthur Virgílio tem a dizer sobre esse feito estratosférico?
Logo ele que é chegado a um cartãozinho?
Se bem que o Virgílio é cachorro morto.
Melhor é perguntar ao inventor da ética, o senador Álvaro Dias.
Aquele que quer reaver o retroativo de sua aposentadoria de ex-governador do Paraná.
Não adianta o esforço da Folha de tentar mostrar redução nos gastos para limpar a barra do candidato derrotado dela.
Se fechar a conta dos dezesseis anos de governo tucano em São Paulo, esses gastos ultrapassam R$ 1 mi.
Tranquilamente.
Porque a média tucana é de pouco mais de R$ 60 mi / ano.
Só isso.
A ética do PSDB é uma maravilha.
O problemas dos tucanos paulistas não é o tamanho do cartão.
Mas do bico deles.
Eles vão com muita sede ao pote, ops! ao cofre.
Daí que se explica o tamanho do rombo.

Desde 2001, o governo de São Paulo gastou R$ 609 milhões com cartões de compras, segundo levantamento da ONG Contas Abertas. O valor é 70% maior que o registrado pelo governo federal no período --R$ 357,6 milhões.
Apesar disso, no ano passado, o governo paulista fechou a conta em R$ 32,8 milhões, menor valor desde 2002, enquanto esse tipo gasto tem aumentado todo ano no governo federal.

Dos 25 órgãos estaduais que fizeram uso do cartão de pagamentos no ano passado, 23 registraram redução de gastos na comparação com 2009.
Apenas a Assembleia Legislativa, que passou de R$ 129,5 mil para R$ 144,2 mil, e a Secretaria de Esporte, com acréscimo de 170%, registraram aumento.

No ano passado, quem liderou o ranking foi a Secretária de Saúde, que desembolsou o total de R$ 12,3 milhões, de acordo com a ONG. O valor é quase três vezes o que o Ministério da Saúde e unidades vinculadas utilizaram com o cartão corporativo do governo federal no mesmo ano.

Em segundo lugar aparece a Secretaria de Segurança Pública, com quase R$ 10 milhões desembolsados.
A regulamentação estadual prevê 39 tipos diferentes de classificação de despesas. Nos últimos dois anos, no entanto, 25% das despesas se concentraram em apenas duas rubricas: "outros materiais de consumo" e "despesas miúdas e de pronto pagamento".

A partir de 2008, as despesas com o cartão despencaram. No início daquele ano, o então governador de São Paulo, José Serra (PSDB), determinou a suspensão dos saques com os cartões.
Atualmente existem 4.454 cartões distribuídos pelo governo paulista, quantidade que representa apenas 10% da quantidade registrada em 2007.

A Secretaria da Fazenda lembra que os cartões do governo paulista não são corporativos, mas de compras. No primeiro caso, não há limite de crédito, enquanto no segundo, só se pode gastar até R$ 8.000. O cartão federal também é usado pelo alto escalão, já o estadual é emitido em nome de um órgão.

Segundo a secretaria, também não é possível comparar a natureza dos gastos feito pelo governo federal e pelo estadual.
A Contas Abertas fez o levantamento com base em dados do portal de transparência do governo paulista.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011


O tamanho da vergonha


OS EX-GOVERNADORES E SUAS APOSENTADORIAS VITALÍCIAS – UMA INSENSATEZ

Até podem não serem exitosas, mas – a despeito de ser ou não a proponente oportunista e elitista – estão repletas do melhor sentido as ações diretas de inconstitucionalidades propostas pela OAB junto ao Supremo.
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil acaba de ajuizar mais duas Adins contra o pagamento de aposentadorias de ex-governadores.
Desta feita dos estados do Pará e Acre.
Antes a entidade já havia feito o mesmo com os estados de Sergipe, Paraná, Amazonas, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

E se prepara para entrar com ação semelhante contra o Rio Grande do Sul.
(No Paraná, o paladino da moral, o senador tucano, Álvaro Dias, que governou o estado, já recebia o benefício da aposentadoria e pediu ainda um pagamento retroativo de R$ 1,6 milhão referente aos cinco anos em que não recebeu).

Em todas essas unidades federativas há clara violação à Constituição Federal pelas respectivas constituições estaduais no se refere a esse modelo de aposentadoria.
Isso no entendimento da OAB, segundo a Folha.

Aposentadoria desse tipo é uma violação à ética e aos princípios da igualdade.
Um acinte aos valores morais em qualquer estado ou país.
Um atentado ao pudor e uma afronta aos trabalhadores mortais.
De acordo com as emendas aprovadas pelas assembleias dos estados em questão – e em pelo menos mais cinco outros – os ex-governadores tem direito ao mesmo salário que é pago a um desembargador.

Detalhe: um desembargador da ativa.

E o camarada pode ter exercido o cargo por um período de apenas seis meses para ter direito a esse privilégio pelo resto da vida.
A aposentadoria é vitalícia.

No Pará o empresário Carlos Santos é um desses apaninguados que recebem a imoralidade do benefício.
Ele foi o vice de Jader Barbalho quando este governou o Pará de 1991 até maio de 1994.
Em 94, Jader renuncia ao cargo para concorrer ao Senado.
No penúltimo ano de seu mandato como senador iniciado em 1995, após ter sido presidente do PMDB e do Senado Federal, renuncia a tudo para não ser cassado por corrupção.
Jader entrega um Pará aos frangalhos a Carlos Santos.

Foram nove meses de penúria e lamúria para o Estado, com atraso no pagamento de servidores, desequilíbrio nas contas do Governo e sucateamento da máquina estatal.
A Educação virou um completo caos com a nomeação da Primeira Dama para a SEDUC.
Carlos Santos foi sucedido por Almir Gabriel, do PSDB, em 1995.
E ganha em torno de vinte e dois mil reais até hoje.

Não que ele tenha qualquer culpa (ou merecimento) nisso ou por isso.
Carlos Santos é um legítimo caboclo do Pará, tendo vindo de Salvaterra, no Marajó para Belém.
Cresceu como empresário do ramo de discos, virou cantor, apresentador e radialista.
A política entrou na sua vida pura e simplesmente pelo oportunismo de Jader Barbalho.
Jader pressentiu que Carlos Santos seria convenientemente um bom candidato a vice dele.
Mais para captação de votos que o ajudaria a eleger-se governador.

Já pela sua capacidade ou vocação política... Carlos Santos provou que Jader se equivocara.
Aliás, quem quer que fosse, o sucessor de Jader haveria de ser um desastre.
Um equívoco político.

Na eleição passada Carlos Santos foi derrotado para uma vaga na Assembleia Legislativa do Pará.
Não teve além de 11.800 votos.
E não precisa dizer mais nada.

O contribuinte paraense arca com pelo menos 2 milhões anuais para bancar a aposentadoria de seus ex-governadores.
Entre eles, do próprio Jader e do atual governador, Simão Jatene.

Toda e qualquer aposentadoria paga a um ex-governador é uma insanidade que deve ser o quanto antes cassada.

E isso deve se estender a todos os “ex” para todas as esferas eletivas de governo.

Do prefeito, e do governador ao presidente da República.
Sem deixar de fora vereadores, deputados e senadores.
Ou todos não são iguais perante a lei.

Ou haveremos de brindarmos a vergonha por sermos brasileiros.


(A imagem é do site "Central de Notícias)







terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

OS IMPÉRIOS CAEM – UM A UM

Liberdade ao Egito, e ao mundo


É pálida e tendenciosa – para não dizer vergonhosa – a cobertura da mídia nacional ao levante popular pela renúncia do ditador do Egito, Hosni Mubarak.
A revolução com mais de um milhão de pessoas está nas ruas egípcias.
E contra ela a vassalagem da imprensa nativa brasileira.
O G1 é simplesmente ridículo e passional - como a Globo.

(A grande imprensa brasileira está como sempre esteve: a serviço dos interesses imperialistas americanitistas).

A Globo usa luvas de seda ao se referir à múmia egípcia, Mubarak.
E – como em Honduras – fez predileção pela ditadura, elegendo como baderneira a população defensora da democracia.
A Globo não vê, além de Fidel Castro e Hugo Cháves nenhum outro ditador no mundo.
Ganha um doce quem primeiro ver o Alexandre Garcia chamar Mubarak de ditador no “Bom Dia Brasil”.
Ele prefere analisar a “vergonhosa” e “desumana” situação das delegacias de polícia no Brasil.

Delegacias que em São Paulo tem uma estrutura funcional exemplar.
Exceto pelo fato de o cidadão levar até oito horas para fazer um boletim de ocorrência.
E o que esperar do Arnaldo Jabor e da Mirian Leitão?

Na verdade, mesmo, a mídia vassala está tão perdida quanto o seu senhor.
Os EUA perderam o foco e não sabem ao certo o que dizem e fazem.
Ora tendem a agradar as autocracias árabes.
Ora pedem uma transição pacífica no Egito.

A Hillary fala uma linguagem ininteligível que a mídia se estrebucha para entender.
E que nem o próprio chefe da Casa Branca entende.

A maior característica do país de Obama é financiar o armamento militar de ditadores ao redor do mundo, em troca de suas riquezas petrolíferas, especificamente no Oriente Médio.
Os estadunidenses pensam ser capazes de dar e desatar todos os nozes.
Mas tem sido praxe a prática do tiro no próprio pé.

A Casa Branca sequer consegue criticar um regime autoritário do qual é incentivadora e parceira.
Pouco a pouco os totalitaristas vão caindo e com eles a decadência do imperilismo americana se torna cada vez mais visível.

Mubarak dá sinais de recuo.
E anuncia que concorrerá às próximas eleições previstas para setembro.
Os egípcios não querem também que o filho de Mubarak, Gamal, seja candidato.
As eleições serão antecipadas no Egito.
É a queda do regime autoritário.
De mais um império.
É a vitória do povo.

A vitória da democracia.
E a derrocada de mais um ditador.
Viva a revolução popular!