Foi por pouco.
Por um triz só, e a calhordice de um candidato que tinha na baixaria insana o seu combustível não tira dos trilhos a locomotiva Brasil.
O triunfo nas urnas obtido por Dilma Rousseff, mais do que uma conquista do ponto de vista político e eleitoral, foi uma vitória que transcende os princípios da justiça.
Reflete a capacidade discernidora do eleitor brasileiro e sua argúcia em separar o joio do trigo – aquele traduz a verdade e este, a mentira, o verdadeiro e o falso.
O Serra não encontra parâmetro em se tratando de reacionarismo, de fascismo, de casuísmo, de populismo, de autoritarismo e de conservadorismo.
A inclusão do aborto como tema de campanha revelou em letras garrafais o lado calhorda de José Serra.
O aborto só não venceu a eleição no lugar do Serra em virtude da sua ausência de virtudes e pela sua avassaladora mediocridade.
O Serra é um medíocre de quatro costados, um farsante emplumado, dissimuladamente escondido sob sua velha penugem tucana.
Um tucano de asas amputadas que só voa para baixo.
O chamado “vôo de galinha”.
Expressão por ele usada no último debate da Globo para desqualificar o crescimento do Brasil nesses oito anos de Governo Lula.
O bom é que o sábio povo brasileiro percebeu o blefe.
O bom é que o aborto trazido pelo Serra para o debate político trouxe consigo a questão da moral de uma Igreja visivelmente desgastada e desmoralizada.
E teve a importância de reavivar a mente do eleitorado nacional.
A Igreja condena o aborto enquanto protege e acoberta debaixo do manto maculado da hipocrisia seus padres pedófilos.
Eles estão por aí, aos borbotões.
Há mais padres pedófilos no mundo do que cabelo na cabeça do Serra.
Todos escondidos por suas fétidas batinas.
A Igreja que se aliou a José Serra para derrotar Dilma Rousseff excomungou a mãe pernambucana que autorizou o aborto da filhinha de nove anos monstruosamente estuprada.
A Igreja que, tal qual o Serra foi moralmente derrotada nesta eleição, excomungou também o médico que fez o aborto daquela criança de Pernambuco, mas esqueceu de excomungar o estuprador.
O falso moralismo da Igreja a impede de ver o cisco no seu próprio olho. Ela só tem olhares para os olhos dos outros.
Os panfletos contra Dilma Rousseff com o timbre da CNBB que foram distribuídos nas igrejas Brasil afora não denotam o mau-caratismo apenas, revelam a face mesquinha, reacionária e preconceituosa de uma entidade sumamente desacreditada que perde seguidores na mesma proporção que o PSDB perde eleição para a Presidência.
A Igreja abdicou da humildade pela arrogância.
Trocou a diplomacia e a caridade – uma de suas virtudes teologais - pela truculência e o populismo.
Deixou de surfar na onda do Cristo para se ver ou ser vista na crista da onda.
Uma onda que logo, logo quebraria na praia.
E faltando dois dias para acabar, pôs o Papa no olho da campanha do Serra.
O Papa ou foi maldosamente usado ou usou de maldade e falta de ética ao recomendar, ainda que indiretamente, o voto dos brasileiros no candidato da direita, José Serra.
Porque o Serra é contra o aborto.
Mas a Mônica, mulher do Serra, foi quem abortou.
A questão do aborto foi regulamentada pelo Serra quando ele era Ministro da Saúde.
O Papa podia não saber disto, mas não os padres e os bispos brasileiros.
Ainda bem que o povo sabia.
E o resultado foi mais um aborto.
O Brasil abortou a mentira.
O Brasil abortou o Serra.
Viva o Brasil!
Viva Dilma Rousseff!
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