domingo, 20 de setembro de 2009

A ARTE E O DESASTRE DE SONHAR

O homem é um sonhador, um idealista, um ser romântico e devaneador por natureza.
O homem que não sonha e não se apaixona pelo seu sonho... o homem que não idealiza seus projetos e que não ousa realizá-los perdeu, há muito, o sentido de sua existência, a razão de ser homem.

O homem é um artista e a arte que ele exercida é a prática de viver e de dar continuidade aos seus sonhos, ainda que estes (os sonhos) insistam em não se transformarem em realidade.
O homem é um vencedor e sua vitória se dá quando, todo dia, ele escreve seu nome nas páginas do livro da vida... e vence mais uma batalha contra as injustiças que o torna desigual de seus iguais. Quando vence mais um embate contra a pobreza e o empobrecimento que lhe extingue a autoestima e o faz um ser inferior e inferiorizado em relação a quem se acha superior em função da posse de bens materiais.

O homem foi feito para a vitória e por isso já nasce ganhando a vida!
Ainda que nasça chorando, o homem vive para sorrir, porque o sorriso é a arte dos que abusam da felicidade, ainda que esta, às vezes, insista em lhe pregar uma peça.
O homem é um sonhador, e se não sonha, já não é homem, mas um ser que se esqueceu de tentar buscar o significado da palavra FÉ.
É a fé que dá sentido à vida. Sem fé o homem se desumaniza e se descristianiza, perde o elo que o liga ao seu criador e passa a ser apenas uma criatura insensível, amarga e descrente de tudo.

Porém, – e há sempre um porém – não obstante a fé, o sonho pode passar de arte e transformar-se em desastre. Isso ocorre quando, de tanto sonhar, por maior que seja o grau de insistência de continuar sonhando e acreditando, o homem se apercebe de que tudo não passou e que nada é mais do que um sonho. Um sonho mal sonhado. Um projeto que jamais se realizará e para o qual suas forças já se enfraqueceram.

Não poucas vezes o homem vive e morre de sonhos... e sonhando...
E tudo se resume em crer sempre que amanhã será um dia melhor que hoje.
Ao descobrir que tudo não foi além de um sonho romântico, o homem projeta seus objetivos para “o mês que vem”. Vindo e passado aquele mês, e nada tendo acontecido, o sonho é de modo incontinente transportado para o outro mês, quando não para o outro ano.

Amanhã, Páscoa, Natal, Ano Novo... são dias e datas que se caracterizam em válvulas de escape para nossos anseios e nossas decepções. Servem também de recipientes onde guardamos e conservamos nossos sonhos e onde nossos desejos e ideais de futuro se processam e se renovam.

Da mesma maneira que o sonho importa para a trajetória humana, pois a história e a evolução do homem na terra nada mais são do que a realização sequencial dos seus sonhos e idéias, de igual modo, cabe ao homem a tarefa de continuar acreditando no amanhã, mesmo que o sol não seja visto no horizonte, mesmo que a última flor se despetale, mesmo que caia ou falte a chuva...
Ainda assim, o homem tem de continuar sonhando, e sonhar até que a noite acabe, até que passe o crepúsculo, até que chegue o dia e se dê a hora.
O homem é um sonhador em potencial e vive fazendo da sua vida uma arte, ainda que a vida teime em fazer da não realização dos seus sonhos um desastre.

Vivamos, pois, a vida e façamos dela o mais lindo e acabado sonho, mesmo que o sonho não tenha ainda acabado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE O SEU COMENTÁRIO