A falta dele pode configurar a perda de uma grande oportunidade, o adiamento do sonho de um carnaval ou a conquista daquele campeonato.
Conquistá-lo, às vezes, implica ascender utopicamente na busca do desejo alentado e contido.
Atribuir-lhe um valor real é exercitar coerentemente a contextualização dos termos conjunturais.
Ele é demasiadamente pequeno e, por ser somente e nada mais do que a metade de um todo, revela-se aparentemente tão desimportante.
Sua função oscila entre o útil e a futilidade.
Pronunciá-lo, não raro, é quase uma indecorosidade.
Dada a sua pouca diferença na equação dos resultados globais, há quem o despreze.
Mas tem lá, ele, a sua importância.
Nas artes plásticas, sobretudo, requer-se habilidade e delicadeza para executá-lo.
Aí, ele se sobrepõe ao inteiro. Literalmente, por inteiro.
E tem-se a perfeição expressa numa tela.
Na economia, o seu percentual de corte suscita críticas e elogios.
O mercado ou ataca ou defende o Copom por causa dele.
Os analistas o classificam como ponto de equilíbrio – para uns ou de conservadorismo – para outros.
Há os que o condenam e por isso o aboliram nas escolas.
Parte-se do princípio de que não faz sentido alimentar a ideia do homem pela metade.
Por conseguinte, é impossivel pensar-se no meio-advogado ou no meio-engenheiro.
Na vida o meio termo gera a dúvida e a dúvida na vida, o mau profissional.
E o ganho ou a perda de uma vida que se projetou... de um projeto de vida perde o sentido.
Ou a gente sabe tudo ou desconhece e sabe nada.
Ou subimos ou descemos. O elevador não pode estacionar entre um e outro andar.
O caminho tem que ser seguido. Ele sempre e necessariamente conduz a um fim.
E para alcançar esse fim, muitos são os que o encontrarão ao longo da jornada. Ainda que ínfimo, ele é capaz de possibilitar mudanças, revelar a beleza e fazer transbordar lágrimas – sejam estas de tristeza ou alegria, de prazer ou de revolta.
Certo mesmo é que não dá, ainda, para fingirmos que ele não faz parte do nosso dia a dia – essa palavrinha meio insignificante – ela que jamais terá a validade completa inerente aos termos completos: esse tal de “meio ponto...”
Caro amigo...o homem que escreve e se expõe,por si só deve ser apreciado, se não for pela estética e profundidade, mas pela intenção e a coragem. Quem o faz aprende muito e quem o recebe de presente é um afortunado.Espero acompanhar mais textos de sua autoria.Abraços.Alan Alencar.
ResponderExcluirÉ verdade, Alan. Só não me atraveria a pedir que me atribuisse uma nota pelo texto. Receio que ganharia a que intitula esta modesta crônica.
ResponderExcluirAbraços.
Que modéstia Orlando!Porém é na humildade que o homem sábio se revela.Vamos deixar em aberto para que os leitores comentem.Abraços!
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