O papel é uma das maiores invenções já feitas pelo homem.
O papel foi inventado a 105 anos antes de Cristo, na China.
E os chineses mantiveram em segredo as técnicas de sua fabricação durante 500 anos.
Até que os japoneses, muito tempo depois, conseguiram produzir a primeira publicação, em 770 d.C.
Eles imprimiram a incrível quantidade de 1 milhão de exemplares de uma oração budista.
As grandes revoluções – cultural, industrial e tecnológica – tem no papel seu primeiro aliado e objeto impulsionador dos avanços alcançados pelo homem.
Todas as notáveis mudanças que perpassaram o mundo e influenciaram a vida humana e seu ritmo de conhecimento e desenvolvimento não teriam ocorrido jamais sem a descoberta do papel.
O papel é tão importante e indispensável quanto a escrita.
Mesmo fazendo uso das grandes tecnologias digitais e explorando assombrosamente as comunicações virtuais – marcas do seu mundo contemporâneo – ainda assim, o homem não pode prescindir daquela ínfima folinha de papel.
O papel alcançou sua escala de produção industrial faz tempo.
Com ele surgiram jornais, livros e revistas.
E iniciou-se o atual processo democratizado do qual fazemos parte, em que se difundiu a cultura generalizada, a ciência, a fé, o terror e a publicidade impressa.
Ninguém experimentaria a aventura de viver sem o papel.
Sobretudo em tempo de eleição quando ele cumpre destacado papel.
O papel é usado na confecção de santinhos e para imprimir documentos contento programas e propostas de candidatos.
Políticos lançam mão do papel para semear mentiras e difamar seus adversários.
O peso do papel é medido pela sua capacidade de espalhar boatos e disseminar mensagens de ódio em forma de panfletos falsos e apócrifos.
Mas o papel em si é tolerante, inofensivo e incapaz de ferir quem quer que seja.
Salvo um acidental corte aqui e outro ali no dedo de algum desatento usuário devido sua finíssima espessura.
Há ocasião no ambiente de trabalho que uma simples folha de papel assume o papel de verdadeira lâmina afiada.
Não se tinha, todavia, notícia no mundo, de alguém que tenha ido parar no hospital em virtude de um acidente sofrido por uma folha de papel.
Isso até o 20º dia do 10º mês do ano de 2010 do calendário cristão.
Naquela inesquecível e histórica quarta feira, na cidade do Rio de Janeiro, um homem aparentando boa saúde física e mental foi vítima de uma reles folha de papel tipo A4.
Uma folha de papel amassada em forma de bola.
Seu nome: José Serra.
Candidato à Presidência da República pelo PSDB.
Jogada contra sua cabeça, aquela levíssima e insignificante bolinha branca estarreceu o País inteiro ao causar um incomum e injustificado impacto – mais na mídia do que na própria cabeça do tucano.
Serra foi levado ao hospital e submetido a uma tomografia craniana.
O Jornal Nacional trouxe até um deus “especialistas”, Ricardo Molina, para demonstrar que Serra fora atingido por outro objeto.
Tudo para criar um fato novo capaz de incriminar sua adversária, Dilma Rousseff, depois que o feitiço do aborto virou contra o feiticeiro.
A questão do aborto tirou votos da Dilma e passou a tirá-los do Serra quando se descobriu que sua mulher, D. Mônica Serra, fizera um aborto no Chile.
A máscara do Serra caiu.
O Serra é uma farsa.
A Globo não conseguiu provar nada.
A Globo desaprendeu a arte de manipular o telespectador porque o brasileiro aprendeu a deixar de ser bobo.
O que se comprovou foi a fragilidade do caráter de um homem que simula situações de gravidade sofrida por agressões forjadas por sua própria campanha.
Serra foi a nocaute por uma bolinha de papel.
E com ele, sucumbe a ética e a credibilidade de uma imprensa parcial e partidária.
Que não cumpre com isenção o seu papel.
Triste papel – um papelão – esse do Serra e da imprensa brasileira.
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