sexta-feira, 28 de maio de 2010

A DIREITA E O ANACRÔNICO PRECONCEITO DE SEU CANDIDATO

Na foto, o principal líder da cracolândia do Serra
Em editorial sob o título "A direita, enfim, achou seu candidato", a Agência Carta Maior qualifica de "levianas e irresponsáveis" as declarações do candidato da direita, José Serra que acusou o governo boliviano de ser "cúmplice de traficantes".

Antes, Serra já se voltara contra o Mercusul. Agora seu no alvo é a Bolívia.
Serra ignora que o mundo mudou. E que muitas mudanças encontram-se em pleno curso.

Para a Carta Maior, a infelicidade de Serra é a felicidade do Brasil e do mundo: a era Bush já ficou para trás.

Serra abraçou por inteiro a agenda da direita no Brasil e, por conseguinte, nas Américas. Ele representa a velha ordem e defende a sua resturação.
Serra é o notável falastrão. Um fanfarrão cujas palavras que profere colidem, trombam assustadoramente umas contras as outras.

Locomotivas descarriladas.
Uma diz uma coisa. Outra ou desmente ou altera o que aquela disse.

“A questão”, ponderou Alice, “é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem tantas coisas diferentes”.
“A questão”, replicou Humpty Dumpty, “é saber quem é que manda. É só isso”.
Lewis Carrol, Alice no País das Maravilhas (cap.6).

As acusações de Serra de não seria possível a exportação de cocaína a partir da Bolívia sem a conivência e/ou participação das autoridades daquele país, poderiam ser defendidas também com com uma pergunta ao ex-governador paulista: Serra é cúmplice do PCC (Primeiro Comando da Capital), da violência e do tráfico de drogas em São Paulo?

“Você acha que toda violência e tráfico de drogas em São Paulo seria possível se o governo de lá não fosse cúmplice?” – pergunta Carta Capital.

É oportuno ainda lembrar as declarações do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, preso em 2007 no Brasil à Justiça Federal em São Paulo: “Para acabar com o tráfico de drogas em São Paulo, basta fechar o Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos)”.

A possibilidade de haver corrupção policial em seu governo parece não interessar nem habitar o horizonte de Serra. O pré-candidato foi governador de São Paulo, mas afirma não ter nada a ver com isso. A culpa é da Bolívia.

Há método na aparente loucura do pré-candidato do PSDB. O fato de ter repetido as acusações levianas contra o governo de um país vizinho – e amigo, sim – do Brasil mostra que Serra acredita que pode ganhar votos com elas.

Trata-se de um comportamento que revela traços interessantes da personalidade do pré-candidato e da estratégia de sua candidatura.

Em primeiro lugar, mostra uma curiosa seletividade geográfica: em sua diatribe contra governos latino-americanos, Serra esqueceu de acusar a Colômbia como “cúmplice do narcotráfico”. Esquecimento, na verdade, que expõe mais ainda o caráter leviano da estratégia.

Trata-se, simplesmente, de atacar governos considerados “amigos” do governo brasileiro.

Em segundo lugar, mostra uma postura irresponsável do pré-candidato, tomando a palavra aí em seu sentido literal, a saber, aquele que não responde por seus atos.

Antes de apontar o dedo acusador para o governo de um país vizinho, Serra poderia visitar algumas ruas localizadas no centro velho de São Paulo que foram tomadas por traficantes e dependentes de drogas. Serra já ouviu falar da Cracolândia? Junto com a administração Kassab, um governo amigo como gosta de dizer, fez alguma coisa para resolver o problema? Imagine, Sr. Serra, 200 pessoas sob o efeito do crack gritando sob a sua janela, numa madrugada interminável ... Surreal?

Na Cracolância é normal.
E isso ocorre na sua cidade, não na Bolívia.
Ocorre na capital do Estado onde o senhor foi eleito para governar e trabalhar para resolver, entre outros, esse tipo de problema. Mas é mais fácil, claro, acusar outro país pelo problema, ainda mais se esse outro país for governado por um índio.

E aí aparece o terceiro e mais perverso traço da estratégia de Serra: um racismo mal dissimulado.

Clique aqui para ir ao site da Carta Maior e ler o Editorial na íntegra.






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