Tiro no pé causa dor de cabeça a ele e ao PIG
A entrevista que Marcos Coimbra, do Instituto Vox Populi, deu ao jornalista Ricardo Noblat foi um verdadeiro desastre.
Para o próprio Noblat.
E para o candidato dele, o Serra.
Um tiro no pé.
Mesmo dizendo que “favoritismo não basta para ganhar uma eleição”, Coimbra disse, com todas as letras, que Dilma será a grande vencedora das eleições presidenciais de outubro.
O favoritismo da candidata de Lula é tão grande que, para Coimbra, nem mesmo uma suposta entrada de Aécio Neves na chapa de Serra deve alterar significativamente o cenário desfavorável à oposição.
(Diante do quadro assustadoramente desfavorável em que se encontra, seria muito difícil para Aécio entrar numa chapa na qual sua presença já fora rechaçada).
Minas é 11% do eleitorado. Aumentar 20 pontos no estado é (somente) 2% no total. Pode ser muito pouco no resultado final, diz o Presidente do Vox Populi, para o desespero do PIG.
Além do mais, cerca de 40% do eleitorado mal conhece ou não conhece Dilma.
Ainda.
Ela pode crescer mais 20 pontos.
Já Serra é conhecido por mais de 80% do eleitorado.
Logo, a tendência é que continue na sua ascendência de queda.
Até chegar onde sempre esteve.
Na casa dos 30%.
Leia a entrevista na íntegra.
Noblat: Boa tarde, Marcos Coimbra. Quem tem mais chances de se eleger presidente da República em outubro próximo?
Coimbra: Boa tarde, Noblat. Dilma é favorita, mas favoritismo não basta para ganhar uma eleição.
Noblat: Por que você considera Dilma favorita?
Coimbra: Ela empatou com Serra e tem um espaço de crescimento aberto à frente, junto ao eleitorado que está disposto a votar na candidata do Lula
Noblat: Isso é suficiente para que Dilma se eleja? Serra não tem espaço para crescer?
Coimbra: Serra é conhecido por 80% da população, com menos espaço para crescer. Dilma tem crescido tirando intenções de voto dele.
Noblat: A essa altura, quantos por cento das intenções de voto de Dilma resultam de transferência feita por Lula?
Coimbra: Dilma é a candidata dele, de continuidade do que ele representa. Nesse sentido, toda a intenção de voto que tem vem de Lula e do governo.
Noblat: Dilma corre o risco de o eleitor, a certa altura, concluir que votar nela não significa votar em Lula, não é a mesma coisa?
Coimbra: Claro que não é e o eleitor sabe disso. Quem pensa em votar nela não acha que Lula vai mandar, mas acha que ela preservará o que ele faz.
Noblat: Se os votos de Dilma não são dela, mas de Lula e do governo, o candidato poderia ser qualquer outro bom auxiliar de Lula. Ou não?
Coimbra: Me parece q sim, mas Lula deve ter tido razões para preferi-la. Seu papel no governo, seu perfil técnico, sua identificação com ele.
Noblat: Pelos seus cálculos, quantos por cento a mais de votos Lula ainda poderá repassar para Dilma?
Coimbra: Há ainda cerca de 40% do eleitorado que conhece mal ou não conhece Dilma. Ela pode crescer mais 20 pontos nesse segmento.
Noblat: Fernando Henrique Cardoso tira votos de Serra? Ou freia seu crescimento? Há algum tipo de cálculo a esse respeito?
Coimbra: A imagem de FHC é negativa e a maioria das pessoas acha que o governo dele foi muito pior que o de Lula. Isso é ruim para Serra.
Noblat: Por que Dilma cresceu tanto em maio? Exposição em programas partidários na TV? Companhia de Lula no programa do PT? Ou cresceria de todo jeito?
Coimbra: Todas as opções estão corretas. A propaganda do partido ajudou, Lula também, e ela estava em crescimento, lento, mas firme.
Noblat: Em junho, Serra terá muito espaço nos programas de TV de partidos. Automaticamente ele crescerá?
Coimbra: Ele é muito conhecido, o que limita essa hipótese. Mas deve melhorar, nem que seja por sustar o crescimento natural de Dilma.
Noblat: Lula já foi multado 4 vezes por fazer propaganda de Dilma antes do tempo. Faz mais de um ano que ele está em campanha por ela. Isso não a ajudou?
Coimbra: Mais que ajudou, é a explicação de tudo. Ele antecipou a campanha, todo mundo entrou em campo e ele teve tempo para apresentar sua candidata.
Noblat: Todo mundo, não. Serra não entrou. E ninguém dispunha do grau de exposição de Lula e de Dilma.
Coimbra: Desde 2009, todos os programas partidários foram eleitorais, PT, PSB e PSDB. Quanto à demora de Serra, a decisão foi dele e só dele.
Noblat: Serra tem um "teto" de votos que dificilmente ultrapassará? Qual seria?
Coimbra: Serra tem um piso alto e um teto limitado pela eleição que fazemos, onde o eleitor se pronuncia sobre politicas e governos e não sobre biografia
Noblat: E o teto de Dilma e de Marina Silva?
Coimbra: O teto de Dilma é o desejo de continuidade, que é muito alto. Marina corre o risco de ficar espremida entre dois grandes e não conseguir crescer.
Noblat: O que Serra precisaria fazer para driblar esse quadro desfavorável e ganhar? Ou não tem como?
Coimbra: Tentar trazer a eleição para o campo dele, a comparação de currículos. Torcer para que Dilma erre muito. Mas sua posição é de desvantagem.
Noblat: Aécio de vice poderia ajudar Serra a se eleger ou não acrescentaria grande coisa?Coimbra: Aécio só é bem conhecido em MG, onde Lula é muito querido. Serra está bem e é dificil avaliar se um ganho em Minas faria diferença.
Noblat: Não dá para avaliar se um ganho em Minas faria diferença para Serra? Ou você prefere não avaliar?
Coimbra: Minas é 11% do eleitorado. Aumentar 20 pontos no estado é 2% no total. Pode ser muito pouco no resultado final.
Noblat: Últimas perguntas. Por que a História registra erros tão clamorosos cometidos por institutos de pesquisa?
Coimbra: Os erros existem e todos procuramos reduzi-los ao mínimo. Mas os institutos brasileiros estão entre os que mais acertam no mundo.
Noblat: É certo que institutos pesquisem ao mesmo tempo para partidos e meios de comunicação?
Coimbra: É nossa tradição, mas é natural que seja discutida. Pode ser um dos itens a tratar na reforma política que aguardamos.
Noblat: Por fim - Montenegro, presidente do IBOPE, disse à VEJA no ano passado que a eleição de Serra era segura. Era na época ou ele estava errado?
Coimbra: Acho que seria melhor perguntar isso a ele.
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