O ALMANAQUE da crônica publica entrevista concedida pelo professor Carlos Ranufo da UFMG à Carta Capital
Ciro Gomes fora do jogo
Celso Marcondes
Professor da UFMG fala sobre a saída de Ciro Gomes da disputa eleitoral e diz que polarização não é problema
O professor Carlos Ranulfo, do departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, é autor de tese de doutorado que analisa causas e consequências da constante troca de partido pelos parlamentares brasileiros. Ele comentou para CartaCapital a saída do deputado Ciro Gomes da disputa presidencial. Para o professor, a polarização entre dois campos nas eleições presidenciais não é um problema e o PSB tem suas razões para desistir da candidatura própria.
CartaCapital: Pressionado pelo seu partido, o deputado Ciro Gomes retira sua pré-candidatura à presidência da República. O senhor acha que do ponto de vista do PSB o partido de fato ganha sem apresentar candidato próprio?
Professor Carlos Ranulfo: A candidatura de Ciro Gomes interessa mais a ele do que ao partido. Para a eleição deste ano, o objetivo do PSB é aumentar a bancada federal e manter ou conquistar alguns governos estaduais. Para alcançá-lo o partido não precisa do lançamento da candidatura de Ciro: bons candidatos nos estados e uma aliança com Dilma resolvem. Neste sentido, a candidatura de Ciro “atrapalha” – por um lado, obrigaria o partido a jogar recursos financeiros na empreitada; por outro, poderia criar problemas políticos em alguns estados.
CartaCapital: Ciro sempre defendeu que seria melhor para o governo federal ter dois candidatos da base governista. Sua tese agora aparece como derrotada e fica reforçada a idéia de uma eleição plebiscitária. O senhor acha que a tese de Ciro foi sufocada ou sempre esteve equivocada?
Professor Carlos Ranulfo: Ciro não apenas dizia que o governo se sairia melhor com duas candidaturas. O discurso de fundo, na verdade, sempre foi o de que “o país precisa escapar da polarização PT/PSDB”. A questão é porque precisa? Em um país onde as referências partidárias são raras, não há nenhum problema quando dois partidos se firmam na disputa. Em política, precisamos de referências. Quanto à questão das duas candidaturas da base, o argumento foi esvaziado pela queda de Ciro nas pesquisas: do jeito que as coisas estavam indo, Ciro ameaçava terminar com muito pouco voto e sua candidatura teria pouco impacto na ocorrência ou não de um segundo turno.
CartaCapital: Afastado da disputa, o PSB vai requerer a ajuda do deputado nas eleições regionais. O senhor avalia que ele vai topar esta tarefa? Como acha que se comportará no futuro próximo?
Professor Carlos Ranulfo: Esta é uma pergunta difícil de responder. Ele pode ter um papel importante no Nordeste, seja para o PSB, seja para a campanha de Dilma. Mas creio que o seu envolvimento na campanha será pequeno.
Celso Marcondes
Professor da UFMG fala sobre a saída de Ciro Gomes da disputa eleitoral e diz que polarização não é problema
O professor Carlos Ranulfo, do departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, é autor de tese de doutorado que analisa causas e consequências da constante troca de partido pelos parlamentares brasileiros. Ele comentou para CartaCapital a saída do deputado Ciro Gomes da disputa presidencial. Para o professor, a polarização entre dois campos nas eleições presidenciais não é um problema e o PSB tem suas razões para desistir da candidatura própria.
CartaCapital: Pressionado pelo seu partido, o deputado Ciro Gomes retira sua pré-candidatura à presidência da República. O senhor acha que do ponto de vista do PSB o partido de fato ganha sem apresentar candidato próprio?
Professor Carlos Ranulfo: A candidatura de Ciro Gomes interessa mais a ele do que ao partido. Para a eleição deste ano, o objetivo do PSB é aumentar a bancada federal e manter ou conquistar alguns governos estaduais. Para alcançá-lo o partido não precisa do lançamento da candidatura de Ciro: bons candidatos nos estados e uma aliança com Dilma resolvem. Neste sentido, a candidatura de Ciro “atrapalha” – por um lado, obrigaria o partido a jogar recursos financeiros na empreitada; por outro, poderia criar problemas políticos em alguns estados.
CartaCapital: Ciro sempre defendeu que seria melhor para o governo federal ter dois candidatos da base governista. Sua tese agora aparece como derrotada e fica reforçada a idéia de uma eleição plebiscitária. O senhor acha que a tese de Ciro foi sufocada ou sempre esteve equivocada?
Professor Carlos Ranulfo: Ciro não apenas dizia que o governo se sairia melhor com duas candidaturas. O discurso de fundo, na verdade, sempre foi o de que “o país precisa escapar da polarização PT/PSDB”. A questão é porque precisa? Em um país onde as referências partidárias são raras, não há nenhum problema quando dois partidos se firmam na disputa. Em política, precisamos de referências. Quanto à questão das duas candidaturas da base, o argumento foi esvaziado pela queda de Ciro nas pesquisas: do jeito que as coisas estavam indo, Ciro ameaçava terminar com muito pouco voto e sua candidatura teria pouco impacto na ocorrência ou não de um segundo turno.
CartaCapital: Afastado da disputa, o PSB vai requerer a ajuda do deputado nas eleições regionais. O senhor avalia que ele vai topar esta tarefa? Como acha que se comportará no futuro próximo?
Professor Carlos Ranulfo: Esta é uma pergunta difícil de responder. Ele pode ter um papel importante no Nordeste, seja para o PSB, seja para a campanha de Dilma. Mas creio que o seu envolvimento na campanha será pequeno.
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