quinta-feira, 13 de maio de 2010

SEM ASSUNTO

No vestibular do Dunga ele ficou em último lugar




Não existe nada pior para quem escreve do que não ter nada para escrever.
É horrível.
A gente tenta, comprime os olhos, respira, inspira e transpira.
E se pega sem a inspiração que não vem.
É o caos da falta de imaginação.
É o meu caso, ao iniciar esta crônica.
Ela não fala de nada. Não leva a lugar nenhum.
Não traça parâmetros, não vislumbra horizontes.
Não tem princípio e nem sei se terá fim.
Estou sem assunto. Nem um assunto, sequer, importante.
Gostaria que me viesse à mente algo interessante.
Tipo as sanções que os EUA querem impor ao Irã através da ONU.
O papel do Brasil nas negociações para evitar que os iranianos sofram punições.
Se tivesse algum assunto na cabeça, poderia falar sobre a crise econômica na Europa que iniciou-se pela Grécia e agora ameaça atingir a gregos e troianos.
Minha falta de assunto não me permite falar sobre assuntos relevantes, como a luz da Celpa que continua a piscar e falta mais do que a minha falta de assunto.
Sem assunto, não posso me referir ao crescimento da economia brasileira ou do aumento no número de postos de trabalho com carteira assinada.
Estou angustiado por isso.
Eu não gostaria de decepcionar aqueles que me ouvem todos os sábados, sem ter nada para dizer.
Gostaria de tratar sobre um assunto qualquer que fosse só para não deixar o ouvinte na mão. Falando só.
Mas, estou mesmo sem assunto. Nem um assunto que importe.
Só não quero falar da convocação da Seleção do técnico Dunga.
Isso já seria o cúmulo da falta de assunto para um reles fazedor de crônicas.
Presumo que, talvez em virtude da minha falta de assunto e imaginação, eu tenha associado esta convocação a uma relação de pessoas que tiveram seus nomes confirmados na lista de uma prova.
É verdade que isso já demanda assunto em demasia para um texto desprovido de idéias.
Mas permitam-me dizer apenas que todo certame requer a observação de determinados parâmetros e exige o preenchimento específico de certos requisitos.
Quem não satisfaz tais exigências está tecnicamente eliminado e fora da lista de aprovados.
Assim é o vestibular.
Onde, em geral, contemplam-se os mais capacitados.
O vestibular do Dunga é uma exceção à regra.
No vestibular do Dunga os piores são os melhores.
E a semelhança entre a lista de Dunga e o vestibular acaba aí.
E com ela, a minha tresloucada falta de assunto, também.
Acho ainda que não tenha meios nem condições de prolongar esta inútil crônica.
Prefiro dar cabo a mesma.
Porque me sinto acabado. Acabado por dentro. Sem assunto, sem ânimo e sem fé nem alegria.
Sem ter o que dizer, sem nada para escrever.
A lista do Dunga é um brinde à mediocridade.
Uma inversão das regras de seletividade onde, de fato, os últimos são os primeiros.
Ou os piores são chamados em detrimento dos melhores.
No Brasil de Dunga craques são o Júlio Batista, o Luisão e o Grafite.
E o Gomes supera o Rogério Ceni.
O Dunga prefere o Gilberto Silva (ufa!) ao Ganso.
Dunga colocou a lista do vestibular do futebol de cabeça para baixo.
Por pouco o Dunga não chama o Bebeto e o Romário.
Cheguei a pensar que o Dunga ia se auto-convocar.
Ele me deixou sem o que falar.
Estou, de fato, sem assunto.
Dói tentar escrever e não ter o que dizer.

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